Quando a cidade transborda na poesia – São Luís de Gonçalves Dias e Ferreira Gullar
DOI:
https://doi.org/10.18309/ranpoll.v56.2046Palavras-chave:
poesia, memória, espaço citadino, Gonçalves Dias, Ferreira GullarResumo
Trazemos neste artigo uma possível conexão entre literatura/memória/espaço citadino, objetivando identificar, a partir do poema Canção do Exílio (Gonçalves Dias) e um excerto do Poema Sujo (Ferreira Gullar), que retratam a cidade de São Luís-MA, se essas composições podem ser consideradas representações de uma cidade, em um determinado momento histórico. Verificando, nesse corpus poético, como se dá a relação poesia/cidade, poeta/cidade, como isso tudo foi sentido e refletido e em que circunstâncias e de que modo esses poetas vivenciaram, externalizaram a cidade, transferindo-a para a poesia, transformando-a em relicário de uma época. Para tanto, partiremos dos conceitos de espaço e cidade, numa interface com os Estudos Culturais, trazendo para a discussão autores como Bachelard, Ricoeur, Tuan Dardel, Brandão, Collot e outros, para chegarmos aos poemas que representam São Luís como espaço de identidade e memória. Gonçalves Dias, na Canção do Exílio, atribui uma imagem ao lugar que sofreu modificações, trazidas naturalmente, ao longo do tempo, chegando a uma São Luís, de Ferreira Gullar, no Poema Sujo, de movimentação do sujeito. Esse lugar, antes vivenciado como paisagem natural, no decorrer dos anos, passa a ser memorial de valores que se misturam numa tessitura dialética entre passado, presente e futuro.
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