A “vastidão querida”: a paisagem do pampa na prosa de Alcides Maya

Autores

  • Luciana Murari Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

DOI:

https://doi.org/10.18309/ranpoll.v55.1988

Palavras-chave:

paisagem, Alcides Maya, regionalismo, descrição

Resumo

Esse artigo analisa a linguagem descritiva de cunho paisagístico na obra do escritor gaúcho Alcides Maya. Inicialmente, é realizada uma breve revisão bibliográfica do conceito de paisagem, de modo a dar a conhecer a problemática a ser desenvolvida na análise literária. Particularmente valioso nessa análise é o entrelaçamento entre a criação das modernas identidades coletivas e a representação do cenário natural e rural, considerando a capacidade do modo descritivo de mimetizar efeitos visuais característicos da pintura de paisagem, e ainda agregando sugestões de outros estímulos sensoriais. A exegese de trechos paisagísticos da obra ficcional de Maya demonstra a articulação entre a linguagem descritiva e o fluxo narrativo, demonstrando os papéis desempenhados pela imagem estetizada do ambiente em trechos de sua obra. Por fim, a partir da tradição crítica do regionalismo, discuto os conceitos de mancha descritiva e art-nouveau, que ajudam a compreender a especificidade da descrição da natureza na estética do gênero.

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Publicado

2024-12-30

Como Citar

Murari, L. (2024). A “vastidão querida”: a paisagem do pampa na prosa de Alcides Maya. Revista Da Anpoll, 55, e1988. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v55.1988

Edição

Seção

Dossiê: Literatura do Rio Grande do Sul: personagens, espaços e temporalidades