Estratégias de marcação possessiva em Mehináku (Arawak)
DOI:
https://doi.org/10.18309/ranpoll.v54i1.1611Palavras-chave:
Posse nominal, Construções possessivas predicativas, língua MehinákuResumo
Neste trabalho, descrevo as construções possessivas em Mehináku, evidenciando os tipos de estratégias encontradas na língua, até o momento, para expressar relações de posse. Apresento dois grandes tipos de construções de posse: (i) a posse nominal, também conhecida como posse atributiva, e (ii) as construções possessivas predicativas, que envolvem tanto o uso de nomes quanto de verbos. No que tange à posse nominal, o Mehináku, assim como as demais línguas Arawak (PAYNE, 1991; AIKHENVALD, 1999), reconhece uma cisão entre nomes inalienavelmente possuídos e alienavelmente possuídos, expressa através da atribuição de diferentes morfemas a estes nomes. Os nomes inalienáveis, por exemplo, recebem menos formativos morfológicos, incluindo-se apenas as marcas de pessoa e concordância com o possuidor e número, ao passo que os nomes alienáveis podem ocorrer sem a presença de um possuidor obrigatório. Neste caso, portarão além dos formativos morfológicos que figuram nos nomes inalienáveis, também morfemas específicos de posse alienável. As construções de posse predicativas, por sua vez, são formadas sobretudo por justaposição, mas também por outras estratégias, como a prefixação do morfema atributivo ka- (k-, antes de vogais) ao nome ou verbo; por meio da sufixação do morfema existencial =waka, dentre outras possibilidades.
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