O que pode a literatura do Rio Grande do Sul (ou por “novas façanhas que sirvam de modelo a toda terra”)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18309/ranpoll.v55.1992

Palavras-chave:

literatura do Rio Grande do Sul, literatura canônica, colonialidade

Resumo

Inspirado em Todorov (2008), este artigo possui como objetivo desenvolver o argumento de que a literatura do Rio Grande do Sul pode muito, até mesmo questionar a constituição do cânone literário atribuído a esse espaço geográfico/simbólico nomeado Estado do Rio Grande do Sul. Para tanto, inicialmente traz-se à baila o processo de formação do que se convencionou denominar literatura canônica, herdeiro de determinadas categorias oriundas do processo sociohistórico categorizado como colonialidade,  para então propor o deslocamento do lócus da enunciação (Grosfoguel, 2008) para os africanos que foram traficados para o Estado na condição de escravizados, de modo que a obra Biografia de Mahommah Gardo Baquaqua: um nativo de Zoogoo, no interior da África possa ser equitativamente integrada ao cânone da literatura que narra a constituição do Estado do Rio Grande do Sul, assim como as já prestigiadas trilogias de Érico Veríssimo e de Josué Guimarães.

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Biografia do Autor

Fernando Zolin-Vesz, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Professor da área de Língua Portuguesa no Departamento de Letras da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria (2003), mestrado em Estudos de Linguagem pela Universidade Federal de Mato Grosso (2012) e doutorado em Letras e Linguística pela Universidade Federal de Goiás (2015). Atua principalmente com a interface entre produção de conhecimento na área de estudos da linguagem e (des)colonialidade.

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Publicado

2024-12-30

Como Citar

Zolin-Vesz, F. (2024). O que pode a literatura do Rio Grande do Sul (ou por “novas façanhas que sirvam de modelo a toda terra”). Revista Da Anpoll, 55, e1992. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v55.1992

Edição

Seção

Dossiê: Literatura do Rio Grande do Sul: personagens, espaços e temporalidades