A “vastidão querida”: a paisagem do pampa na prosa de Alcides Maya
DOI:
https://doi.org/10.18309/ranpoll.v55.1988Palavras-chave:
paisagem, Alcides Maya, regionalismo, descriçãoResumo
Esse artigo analisa a linguagem descritiva de cunho paisagístico na obra do escritor gaúcho Alcides Maya. Inicialmente, é realizada uma breve revisão bibliográfica do conceito de paisagem, de modo a dar a conhecer a problemática a ser desenvolvida na análise literária. Particularmente valioso nessa análise é o entrelaçamento entre a criação das modernas identidades coletivas e a representação do cenário natural e rural, considerando a capacidade do modo descritivo de mimetizar efeitos visuais característicos da pintura de paisagem, e ainda agregando sugestões de outros estímulos sensoriais. A exegese de trechos paisagísticos da obra ficcional de Maya demonstra a articulação entre a linguagem descritiva e o fluxo narrativo, demonstrando os papéis desempenhados pela imagem estetizada do ambiente em trechos de sua obra. Por fim, a partir da tradição crítica do regionalismo, discuto os conceitos de mancha descritiva e art-nouveau, que ajudam a compreender a especificidade da descrição da natureza na estética do gênero.
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