“Âncoras na deriva simbólica” – textos como formas de cognição social
DOI:
https://doi.org/10.18309/ranpoll.v54i1.1901Palavras-chave:
Texto, Cognição social, Frames epistêmicos, SociocognitivismoResumo
Nosso objetivo neste ensaio é refletir sobre o que tem sido chamado de abordagem sociocognitiva do texto, com foco tanto na posição epistemológica que toma o “texto como conhecimento de objetos sociais”, quanto na perspectiva que toma o texto como cognição social ou como vinculado à sociocognição. Constituem-se, em suma, de posições epistêmicas distintas quanto à relação estabelecida entre texto e cognição (complementar ou constitutiva). A opção por uma das duas posições aqui destacadas revela também acepções distintas de cognição e de social. Entre as implicações derivadas de uma e outra posição epistemológica, aventamos se haveria possibilidade de uma articulação entre ambas, baseada nas finalidades teóricas e metodológicas da análise textual, bem na reciprocidade entre forma e ancoragem sociocognitiva, e entre texto e cognição.
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