Identidade e individualismo em José Saramago e Denis Villeneuve
DOI:
https://doi.org/10.18309/ranpoll.v53i3.1841Palavras-chave:
Literatura de Ficção, Cinema, O homem duplicado, EnemyResumo
Em A ascensão do romance, Ian Watt associa o tipo de realismo característico desse gênero à presença de individualidades reconhecíveis pelos leitores como partícipes de seu mundo. Tal vínculo é demonstrativo do apelo do indivíduo como traço distintivo do contexto moderno em que o romance se consolidou – a ponto de se poder dizer, como fez Marshall Berman, que na modernidade o indivíduo ousa individualizar-se. É fato que a ousadia deu bons frutos, perceptíveis na sempre crescente luta, em escala global, pelo respeito às especificidades de cada ser humano. Concomitantemente, a busca obsessiva por uma identidade absolutamente “pessoal e intransferível” (sirvo-me aqui da expressão do poeta Torquato Neto) que vem marcando a experiência dos indivíduos na modernidade é responsável pela criação de fantasmagorias envolvendo a relação eu/outro. Neste artigo investigarei o tratamento reservado a esse problema por José Saramago no romance O homem duplicado e Denis Villeneuve no filme Enemy.
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