Discurso, memória e violência de gênero
DOI:
https://doi.org/10.18309/ranpoll.v55.1828Palavras-chave:
Memória discursiva, Identificação de gênero, Feminismo, Violência doméstica e familiarResumo
Com o presente texto busca-se analisar a persistência de uma memória discursiva e sentidos sobre o sujeito mulher em relatos de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. A partir do referencial teórico-analítico da análise de discurso de filiação materialista, e em diálogo com os estudos de gênero, serão tratados os conceitos de memória discursiva e os processos discursivos que conduzem à construção de formas de identificação. Nesta conjuntura, é atribuída especial atenção às relações de poder entre homens e mulheres, as quais são patriarcais e desiguais, com os corpos trazendo discursos que permeiam diversas searas, jurídicas, políticas e econômicas. A condição feminina nas relações de poder nos remete a um trajeto por discursos que se cruzam através dos fios da memória, indicando representações socialmente aceitas e marcando lugares que foram legitimados em situação de embate, luta e resistência A questão atinente às contradições sociais, bem como as marcas de interdição e reivindicação de direitos e espaços de expressão terminam impedindo que as mulheres sejam vistas pelo seu traçado de conquistas, inscrevendo-as atualmente como alvo de violência doméstica e familiar, potencializada durante a pandemia de Covid 19.
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