A ironia romântica e a educação do olhar: uma reflexão sobre a obra de José Saramago

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18309/ranpoll.v53i3.1804

Palavras-chave:

Ironia romântica; Saramago; Educação do olhar

Resumo

Este artigo propõe uma reflexão sobre a ironia em obras de José Saramago, não apenas como estratégia retórica, mas principalmente como ironia romântica. Desde Memorial do Convento, Saramago teceu um elo entre as intrusões dos seus narradores e um projeto subliminar de educação do olhar que veio a se revelar explicitamente por meio da epígrafe de Ensaio sobre a cegueira. Ao usar ostensivamente o discurso irônico que David Muecke (1995) categoriza como instâncias de ironia situacional e ironia verbal, Saramago aponta para “valores éticos [que] nascem entranhados no valor estético” (GRAÇA apud JAMES, 1995, p.11); valores que continuam a interpelar o passado e o presente.  Assim, o artigo propõe a análise do ethos irônico que se manifesta nos romances de Saramago como presentificação da mundividência do autor.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BALTRUSCH, Burghard. A Jangada da Europa à Deriva – Apontamentos sobre a Actualidade d’A Jangada de Pedra de José Saramago", in Publicações no site da I Cátedra Internacional José Saramago, 2016. Disponível em:

https://catedrasaramago.webs.uvigo.es/pt/publicacions-da-catedra/a-jangada-da-europa-a-deriva-apontamentos-sobre-a-actualidade-d-a-jangada-de-pedra-de-jose-saramago-49/ Acesso em: 21 jun.2022.

BARONE, Jéssica V. A paródia e a ironia nas obras de José Saramago: crítica e dessacralização. 2020. Dissertação ( Mestrado em Letras) – Programa de Pós- Graduação em Letras da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Dourados, MS. 2020.

CARREIRA, Shirley de S. G. A visão como tema recorrente na obra de José Saramago. Actas do VII Congresso da Associação Internacional de Lusitanistas: Universidade de Brown: 1 a 7 de Julho de 2002. p. 516-526. Disponível em: https://lusitanistasail.press/index.php/ailpress/catalog/view/25/34/361-1 Acesso em: 11 jun. 2022.

______.A visualidadade cega: o olhar saramaguiano sobre a sociedade contemporânea. Revista Eletrônica do Instituto de Humanidades, v.5, n.17, artigo V. Disponível em: http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/reihm/article/view/503/494

Acesso em 09 mai. 2022.

CERDEIRA, Teresa Cristina. José Saramago. Entre a história e a ficção: uma saga de portugueses. Lisboa: Dom Quixote, 1989.

CUDDON, John Anthony. Dictionary of Literary Terms and Literary Theory. London: Penguin Reference Books, 1999.

CULLER. Jonathan. Teoria literária: uma introdução. Tradução de Sandra Vasconcelos. São Paulo: Beca Produções Culturais Ltda., 1999.

DUARTE, Lélia. P. A tessitura irônica de A queda dum anjo, de Camilo Castelo Branco. R. Est. Lit. v.1, n. 1, Belo Horizonte, p. 82-97, Out. 1993.

FIGUEIREDO, Monica. Da cegueira à lucidez: o ensaio de um percurso. Algumas notas sobre a narrativa de José Saramago. Diadorim. v. 1, p. 181-190, 2006. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/diadorim/article/view/3845 Acesso em: 20 jun. 2022.

GARLET, Deives. O romance dialético em José Saramago. 2016. 225 p. Tese (Doutorado em Letras) – Programa de Pós-Graduação em Letras. Universidade de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2016.

GARLET, Deives; ZAMBERLAN, Lucas da C. A ironia em José Saramago: uma função dialógico-dialética. Antares. v.12, n. 27. Disponível em:

DOI: http://dx.doi.org/10.18226/19844921.v12.n27.11 Acesso em 05 mai. 2022.

GOMES. Alvaro C. A voz itinerante: Ensaio sobre o romance português contemporâneo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1993.

GRAÇA, Antonio Paulo. Alegorias da consciência moral. In: JAMES, Henry. A arte da ficção. Trad. Daniel Pisa. São Paulo: Editora Imaginário,1995. p. 7-18.

HUTCHEON, Linda. Teoria e política da ironia. Tradução Julio Jeha. Belo Horizonte: Editora UFMG; 2000.

______. Narcissistic narrative: the metaficcional paradox. New York: Methuen, 1985.

______. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Tradução Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1991.

______. Irony’s edge. The theory and politics of irony. London: Routledge, 1994.

LEPECKI, Maria Lúcia. Sobreimpressões. Estudos de literatura portuguesa e africana. Lisboa: Caminho, 1988.

MEDEIROS, Constantino L. de. A Forma do Paradoxo: Friedrich Schlegel e a Ironia Romântica. Trans/Form/Ação, Marília, v. 37, n. 1, p. 51-70, Jan./Abr., 2014.

MERQUIOR, José Guilherme. Em busca do pós-modernismo. In: O fantasma romântico e outros ensaios. Petrópolis, Vozes, 1980.

MUECKE, Douglas C. Ironia e o irônico. Tradução Geraldo Gerson de Souza. São Paulo: Perspectiva, 1995.

PINTO, Madalena Vaz. A escrita “sob-controle”: considerações sobre o narrador na ficção de José Saramago. O marrare. n.11,2009. Disponível em: http://www.omarrare.uerj.br/numero11/madalena.html Acesso em: 12 mai. 2022.

REIS, Carlos. José Saramago e a poética da narrativa: uma ordem por decifrar. CERDEIRA, Teresa, RUAS, Luci, TORRES, Maximiliano, FIGUEIREDO, Monica, SANTAN, Rafael, AZEVEDO, Victor. E agora José? Belo Horizonte: Moinhos, 2019. Posição 139-442 de 5797. E-book.

SANTANA, Jaderson S. As marcas do autor em O ano da morte de Ricardo Reis. 2015. 135f. Dissertação de Mestrado em Literatura e Crítica literária. Pontifícia Universidade de São Paulo. 2015.

SARAMAGO, José. Memorial do convento. Lisboa: Editorial Caminho, 1982

______. A jangada de Pedra. São Paulo: Círculo do livro, 1986.

______. O ano da morte de Ricardo Reis. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

______. O evangelho segundo Jesus Cristo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

______. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

______. Discursos de Estocolmo. Lisboa: Caminho, 1999.

SCHLEGEL, Friedrich. O dialeto dos fragmentos.São Paulo: Iluminuras, 1997.

VOLOBUEF, Karin. Frestas e Arestas. A prosa de ficção do romantismo na Alemanha e no Brasil. São Paulo: Editora da UNESP, 1998.

Downloads

Publicado

2023-02-16

Como Citar

Carreira, S. de S. G. (2023). A ironia romântica e a educação do olhar: uma reflexão sobre a obra de José Saramago. Revista Da Anpoll, 53(3), 54–64. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v53i3.1804