A Antiliteratura de Augusto de Campos

Passagens entre Linguagens e Mídias

Autores

  • Adam Joseph Shellhorse Temple University, Philadelphia, Pennsylvania, United States of America

DOI:

https://doi.org/10.18309/ranpoll.v52i3.1674

Palavras-chave:

Augusto de Campos, Antiliteratura, Poesia Concreta, Antropofagia, Poesia Intersemiótica, Poesia Brasileira

Resumo

Este ensaio examina a recepção, trajetória, filosofia e as dimensões estéticas da poética do renomado escritor brasileiro Augusto de Campos dos anos 1950 até o presente.  Na contramão das leituras que reduzem Campos ao concretismo, mostro como sua poesia é melhor enquadrada por seu compromisso com a radicalização permanente da linguagem.  É o que chamo de abertura “pós-concreta” de Campos para outras artes, poetas e meios de comunicação de massa.  Ilustro como a obra de Campos, desde a década de 1960, se caracteriza pelos seguintes motivos: sua ênfase no status liminar, antiliterário da poesia e sua não-conciliação com o campo literário; sua construção de novos protótipos poéticos; seu empenho em conduzir a poesia a um espaço intermédio, interdisciplinar, fundindo o verbal com o não-verbal; sua fidelidade à sintaxe gráfica, não-discursiva, analógica e isomórfica do concretismo; e seu esforço de recuperar e reinventar práticas poéticas e artísticas experimentais do passado, de Arnaut Daniel a Stéphane Mallarmé, Ezra Pound, Oswald de Andrade, Vladimir Mayakovsky, James Joyce, E.E. Cummings, Anton Webern, Marcel Duchamp, John Cage e Emily Dickinson. Considero quatro tensões fundamentais em jogo em Campos: entre poética e política, concretismo e outras artes, tradução e criação, e o compromisso de Campos de enfrentar o “risco” da poesia, ou seja, sua aventura nos espaços não-poéticos da era digital e tecnológica. Concluo com uma avaliação da concepção de Campos do poema como um agenciamento polifônico que combina diversos sistemas de signos –– da propaganda, pop e YouTube à música de vanguarda, poesia e pintura.  Através da apropriação antiliterária da mídia, o poema renova a fala, a linguagem e a arte propriamente dita para tornar a humanidade mais consciente do ambiente sensorial e político total em que está imersa.

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Referências

CAMPOS, Augusto de. “Arte e Tecnologia.” Poesia Antipoesia Antropofagia & Cia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 296-312.

CAMPOS, Augusto de. Despoesia: 1979–1993. São Paulo: Editora Perspectiva, 1994.

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Shellhorse, Adam Joseph. Anti-Literature: The Politics and Limits of Representation in Modern Brazil and Argentina. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 2017.

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Publicado

2021-12-31

Como Citar

Shellhorse, A. J. . (2021). A Antiliteratura de Augusto de Campos: Passagens entre Linguagens e Mídias. Revista Da Anpoll, 52(3), 139–143. https://doi.org/10.18309/ranpoll.v52i3.1674

Edição

Seção

Escritores e escritoras de Língua Portuguesa: Augusto de Campos