Restrições linguísticas na palatalização do /s/ pós-vocálico seguido de [t] ou [ʧ] na fala de Caravelas – Bahia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18309/anp.v1i45.1126

Palavras-chave:

Variação linguística, Palatalização, Fala Caravelense, Português Brasileiro

Resumo

Neste texto, apresentamos generalizações sobre efeitos linguísticos na realização alveopalatal [ʃ] ou alveolar [s] do /S/ pós-vocálico seguido de [t] ou [ʧ] na fala de 25 falantes de Caravelas-BA, estratificados pelo sexo, faixa etária e escolarização. A análise foi feita à luz da Teoria da Variação e Mudança Linguística (LABOV, 2008 [1972]; WEINREICH, LABOV & HERZOG, 2006 [1968]). Para o tratamento estatístico dos 1189 dados variáveis, usamos o GoldVarb X (SANKOFF, TAGLIAMONTE & SMITH, 2005). A primeira restrição estatisticamente significativa é a posição do /S/ na palavra, com a posição medial favorecendo a palatalização. A segunda é o contexto vocálico antecedente, em que a palatalização é favorecida pelos traços [+posterior] e [+alto]: o efeito mais forte é da vogal [u]. A posteriorização é o traço de maior influência, paralelamente ao efeito da vogal alta anterior [i]. Portanto, quanto mais recuada e mais alta a língua na vogal antecedente, maior a chance da realização alveopalatal. A terceira restrição estatisticamente significativa é o contexto consonantal seguinte, em que a alveopalatal é favorecida pela africada alveopalatal [ʧ] e inibida pela oclusiva alveolar [t]. Desse modo, propriedades de segmentos precedentes e seguintes evidenciam assimilação progressiva e regressiva, respectivamente, caracterizando um fenômeno linguístico regular.

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Biografia do Autor

Jares Gomes Lima, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutorando em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e Mestre em Estudos Linguísticos pela mesma instituição. Fez graduação em Letras: Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Desenvolve pesquisas com ênfase em Sociolinguística Variacionista, aprofunda-se em temáticas voltadas à variação fonético-fonológica. Atua como pesquisador nos grupos de pesquisa Projeto Português Falado na Cidade de Vitória - PortVix (UFES/CNPq) e Programa de estudos sobre o uso da língua - PEUL (UFRJ/CNPq).

Maria Marta Pereira Scherre, Universidade de Brasília Universidade Federal do Espírito Santo

Maria Marta Pereira Scherre possui graduação em Letras pela PUC-MG (1973), mestrado em Letras pela PUC-RJ (1978) e doutorado em Linguística pela UFRJ (1988). Participou do Programa Professor Visitante Nacional Sênior (PVNS) pela Capes junto à Ufes, de 01/2015 a 12/2018. É pesquisadora 1-B do CNPq, professora voluntária da Ufes, professora colaboradora plena da UnB, membro do Programa de Estudos sobre o Uso da Língua (Peul) da UFRJ, do Grupo de Estudos Avançados em Sociolinguística (Geas) da UnB e do Projeto Português Falado na Cidade de Vitória (PortVix) da Ufes. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Sociolinguística e Dialetologia, atuando principalmente nos seguintes temas: variação linguística, mudança linguística, português brasileiro, concordância verbal de terceira e de primeira pessoa, concordância nominal de número, imperativo gramatical, pronomes de segunda pessoa e preconceito linguístico. Além de mais de 90 artigos e capítulos de livros em obras nacionais e internacionais, publicou pela Parábola o livro autoral Doa-se Lindos Filhotes de Poodle - Variação Linguística, Mídia e Preconceito (2005) e, com Anthony J. Naro, o livro Origens do Português Brasileiro (2007). Em 2006, participou da Encyclopedia of Language & Linguistics (Oxford: Elsevier), com o verbete Speech Community e do Sociolinguistic/Soziolinguistik - An International Handbook of the Science of Language and Society (Berlin/New York: Walter de Gruyter), com o texto Brazil/Brasilien. Em 2008, participou da tradução do livro Sociolinguistic Patterns, de William Labov, publicada pela Parábola. Com Anthony Julius Naro, retoma o modelo de fluxos e contrafluxos de Naro (1981), no artigo Remodeling the Age Variable: Number Concord in Brazilian Portuguese, publicado em 2013, na Language Variation and Change 25. Discute correlatos objetivos para reações subjetivas a um livro didático aprovado pelo MEC, no ensaio Respeito pela Fala do Outro: Realidade Possível?, Revista Letra, da UFRJ, em 2013, e no texto Sociolinguistic Correlates of Negative Evaluation: Variable Concord in Rio de Janeiro, na Language Variation and Change 26, em 2014. Em 2015, publicou, com Maria Eugênia Lammoglia Duarte, o texto Main Current Processes of Morphosyntactic Variation, em The Handbook of Portuguese Linguistics, pela Wiley-Blackwell e, com Anthony J. Naro, o texto Drifting Toward the Standard Language, no livro Linguistic Variation ? Confronting Fact and Theory, pela Routledge. Com Lilian Yacovenco, discute um novo modelo para dar conta do Paradoxo do Gênero, com base na noção de marcação linguística, no texto A Variação Linguística e o Papel dos Fatores Sociais: o Gênero do Falante em Foco, Revista da ABRALIN, de 2011. Com Nívia Lucca, Edilene Patrícia Dias, Carolina Andrade e Germano Martins, orientandos da UnB, discute a focalização dialetal da fala brasiliense, no texto Tu, Você, Cê e Ocê na Variedade Brasiliense, publicado na Papia, 21, de 2011 e apresenta proposta de um mapa dos pronomes de segunda pessoa no texto Variação dos Pronomes: Tu e Você, publicado em 2015, no livro Mapeamento Sociolinguístico do Português Brasileiro, pela Contexto. Desde 1990, participa regularmente do New Ways of Analyzing Variation (NWAV), o principal evento da Teoria da Variação e de Mudança Linguística. Em 2016, em Vancouver-Canadá, proferiu, com Anthony. J. Naro, a palestra de abertura do NWAV 45, com o tema General Principles Governing Variation in Brazilian Portuguese: The Scale of Prominence. À mesma época, também com Anthony J. Naro, foi palestrante do Simon Fraser University Linguistics Colloquium, com o tema Revisiting Sociolinguistic Trends in The Brazilian Speech Community. Em parceria com orientandos e colegas da UFRJ, UnB, Ufes e UEG, desenvolve pesquisas comparativas sobre a concordância com o pronome nós, a alternância nós e a gente e diversos outros temas, com novas publicações em 2016, 2017 e 2018.

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Publicado

2018-08-22

Como Citar

Lima, J. G., & Scherre, M. M. P. (2018). Restrições linguísticas na palatalização do /s/ pós-vocálico seguido de [t] ou [ʧ] na fala de Caravelas – Bahia. Revista Da Anpoll, 1(45), 30–46. https://doi.org/10.18309/anp.v1i45.1126

Edição

Seção

SEÇÃO LINGUÍSTICA