CORPOS EM TRÂNSITO E TRAJETÓRIAS TEXTUAIS
DOI:
https://doi.org/10.18309/anp.v1i40.1024Palavras-chave:
Corpo, Raça, Gênero, Trajetória textual, Programa Mais Médicos, Body, Race, Gender, Text trajectory, Mais Médicos ProgramResumo
Este artigo objetiva explorar o entrecruzamento de mobilidade de textos e relatos de mobilidade de corpos, analisando marcas de diferença raciais, nacionais e de gênero na trajetória textual de uma postagem sobre “médicas cubanas” em mídia digital durante os primeiros dias de implementação do Programa Mais Médicos no Brasil, em 2013. Essa trajetória nos permite, por um lado, explorar o potencial explicativo das metáforas de escala e trânsito. Por outro lado, incluímos o debate feminista sobre intersecções e uma releitura feminista linguístico-antropológica dos processos de subjetivação. A análise aponta que as variações de escala se dão tanto no espaço quanto no tempo histórico do racismo brasileiro e que a circulação desses relatos de corpos e dos textos sobre eles aciona tanto sentidos sedimentados, “mulher negra como empregada doméstica”, quanto sentidos imprevisíveis, “mulher negra como médicas”, sobre o corpo da “mulher negra”. Nossas conclusões são: 1) a noção de escala ajuda a pensar os indiciamentos espaciais dentro das configurações históricas coloniais (racismo brasileiro, variação escalar regional nordeste/sudeste, nacional/transnacional); 2) a conexão entre corpos e textos não se limita a religar textos linguísticos, mas redes visuais de corpos e corpos vivos; 3) essas religações promovem ligações de dimensões aparentemente separadas, um multi-indiciamento que suplementa as interações, um deslizamento entre dimensões não estáveis de produções de sentidos.
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